O Buda Sakyamuni cita a "Parábola das ervas medicinais" para mostrar a benevolência do Buda que transmite seus conhecimentos a todas as pessoas.
Sakyamuni começa o capítulo elogiando Kashyapa por expor corretamente e depois começa a contar a parábola.
"Kashyapa, é como as plantas e árvores, arbustos e bosques e as ervas
medicinais, extremamente variadas, cada uma com o seu nome e matiz, que crescem
nas colinas e riachos, nos vales e diferentes solos do multivariado mundo.
Nuvens densas espalham-se sobre ele, cobrindo a totalidade desse mundo
diversificado e num momento saturando-o completamente. A umidade penetra todas
as plantas, árvores, arbustos, bosques e ervas medicinais igualmente, até às
suas grandes raízes, grandes caules e grandes folhas. Cada uma das árvores,
grande ou pequena, dependendo do facto de ser de natureza superior, média ou
inferior, recebe a sua porção. A chuva que cai de cada grupo de nuvens está de
acordo com cada natureza e espécie particular, fazendo-a despontar e
amadurecer, vindo a dar flores e frutos. Ainda que estas plantas e árvores
estejam na mesma terra e sejam regadas pela mesma chuva, cada uma tem as suas
diferenças e particularidades".
O próprio Sakyamuni interpreta a parábola dizendo que o aparecimento do buda nesse mundo é como uma grande nuvem que cobre todas as coisas. O buda aparece no muno e revela a verdade da vida a todas as pessoas e sob diversos ângulos. Satisfazendo as pessoas miseráveis e libertando-as do sofrimento para dar-lhes paz.
Sakyamuni ensinou a Lei para todas as pessoas sem distinção, mas as pessoas nem sempre compreendem seu significado.
O presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda diz o seguinte sobre essa parábola:
"Essa é a essência da pregação do Buda de seu ponto de vista. Mas as pessoas, de sua parte, falham em compreender esse benefício. A quantidade de chuva recebida e sua eficácia diferem de acordo com a personalidade particular e o tamanho das plantas e árvores. Similarmente, embora o Buda exponha somente o veículo único do Buda, há diferenças em como as pessoas recebem esses ensinos. à medida que eles são filtrados pela compreensão das pessoas, os ensinos do Buda assumem a forma dos chamados três veículos". (BS, ed. 1389)
"O Rei do Dharma, destruidor do ser,
quando aparece no mundo
procede de acordo com os desejos dos seres viventes,
pregando a Lei de várias maneiras.
O Tathagata, merecedor de ofertas e de reverência,
é profundo e de longo alcance na sabedoria.
Por muito tempo ele mantém o silêncio quanto ao essencial,
sem pressa de falar tudo de uma vez.
Se aqueles que são sábios o ouvem
conseguem acreditar nele e compreendê-lo,
mas os que não têm sabedoria terão dúvidas e hesitações
e por todo o tempo permanecerão no erro.
Por esta razão, Kashyapa,
ele adapta-se à pessoa para permitir uma visão correcta.
Kashyapa, deves entender
que é como uma grande nuvem
que se levanta no mundo e o cobre inteiramente.
Esta nuvem benéfica
está cheia de umidade,
de relâmpagos e clarões,
e o som da tempestade ecoa ao longe
fazendo rejubilar as multidões.
Os raios do sol ficam velados e escondidos,
e uma nítida frescura vem cobrir a terra;
massas de escuridão, quase tangíveis,
descem e espalham-se.
A chuva cai em toda a parte,
descendo nas quatro direções,
e a sua intensidade é imensurável,
alcançando todas as áreas da terra,
até às ravinas e vales das montanhas e dos rios,
até aos lugares remotos e isolados
onde crescem plantas, arbustos,
ervas medicinais, árvores grandes e pequenas,
grãos, arrozais,
canas de açúcar, vinhas.
A chuva rega a todos,
nenhum deixa de receber a sua parte,
o chão ressequido fica molhado,
ervas e árvores crescem viçosas.
O que cai das nuvens é de um único sabor,
mas as plantas e árvores,
arbustos e bosques,
aceitam cada um a porção de umidade que lhes convém.
Todas as várias árvores,
quer sejam superiores, médias ou inferiores,
tomam o que é ajustado à sua condição
e cada uma é assim capaz de despontar e crescer.
(...)
O Buddha é assim
quando aparece no mundo,
é comparável a uma grande nuvem
que cobre tudo em toda a parte.
Tendo aparecido no mundo
pelo bem dos seres viventes
ele estabelece distinções
ao expor a verdade dos fenômenos.
(...)
Desta forma, Kashyapa,
a Lei pregada pelo Buddha
é comparável a uma grande nuvem
que, com chuva de um único sabor,
rega as flores humanas
de modo a que cada uma possa frutificar.
Kashyapa, deves compreender
que através de várias causas e condições,
vários tipos de metáforas e parábolas,
eu abro e revelo a via do Buddha.
Este é um meio expedito que eu emprego
e o mesmo é verdadeiro quanto aos outros Buddhas.
Agora, para ti e para os outros
eu prego a mais derradeira verdade:
nenhum de entre a multidão de ouvintes
entrou na fase de extinção.
O que estais a praticar
é a via do bodhisattva,
e à medida que avançais em prática e aprendizagem
estais certos de alcançar a Iluminação".
A parábola das ervas medicinais assim como as parábolas anteriores são expostas para mostrar o princípio da substituição dos três veículos pelo veículo único.
O Buda expôs vários ensinos para justamente se adequar a capacidade e a tendencia de cada pessoa e prepará-las para buscarem a sua essência, que é a de chegar ao veículo único.
- Três veículos: Erudição; Absorção e Bodhisattva.
- Veículo único: Estado de Buda (iluminação).
Referências:
The Lotus Sutra - Burton Watson.
Preleção dos capítulos Hobem e Juryo - Daisaku Ikeda.
Jornal Brasil Seikyo.